Concebida como um manual não acadêmico, a obra se volta para lideranças de territórios vulneráveis e gestores públicos, abordando também temas inovadores como “cidades e crianças” “mulheres e territórios” e “saúde urbana” nas periferias

Depois de criar, em 2020, o primeiro curso de pós-graduação em Urbanismo Social do Brasil – que já está com inscrições abertas para a sua terceira turma –, o  Laboratório Arq.Futuro de Cidades do Insper prepara o lançamento do Guia de Urbanismo Social, outra novidade no país.

Durante dez meses, diversos pesquisadores, professores, alunos, gestores públicos, lideranças comunitárias de favelas e especialistas  internacionais no assunto trabalharam para produzir o livro, que deverá chegar ao público em fevereiro próximo, em um evento  no Insper. O Guia de Urbanismo Social, uma correalização do Arq.Futuro com a empresa Diagonal – que tem três décadas de atuação prática na urbanização de favelas e afins –, sairá com o selo da BEĨ Editora.

 “Trata-se de um livro inovador, pois ainda não existe uma publicação ampla sobre o tema no Brasil. Há muitos artigos, entrevistas e webinários realizados — a maioria, aliás, produzida no Laboratório —, mas não um material integralmente destinado ao urbanismo social”, diz o organizador do Guia, o urbanista e professor Carlos Leite, coordenador do Núcleo de Urbanismo Social do Laboratório.

Segundo ele, a obra – que inaugura a “Coleção Urbana” do Laboratório – apresenta um leque amplo de assuntos, que inclui tópicos  não muito comuns  em livros da área, como a discussão a respeito de  “cidades e crianças”, “mulheres e territórios” e “saúde urbana” em territórios de vulnerabilidade social.

Com 15 capítulos, o trabalho se debruça também sobre questões socioeconômicas e culturais,  dimensão territorial, plano de ação local, governança, sustentabilidade, políticas públicas e regulação urbana, além de analisar formas de financiamento, monitoramento e avaliação e discutir casos referenciais.

“A essência do livro é ser um guia não acadêmico, com linguagem inclusiva, para chegar à ponta da linha de quem mais precisa. Queremos falar com as lideranças de territórios de vulnerabilidade social do país”, observa Leite. “A ideia é que a obra gere impacto social e ajude as pessoas que estão trabalhando nas periferias das cidades e, claro,  gestores públicos e do terceiro setor e a academia.”

Distribuição gratuita

Guia de Urbanismo Social  será disponibilizado gratuitamente, no formato de PDF, na página do Laboratório no site do Insper e nas organizações parceiras que integram o terceiro.

Ao tratar do processo de produção do Guia, Leite ressalta a colaboração de outros núcleos do Laboratório, de professores do Insper, de duas alunas do mestrado em Políticas Públicas da escola   e, ainda,  de organizações do terceiro setor, como a Fundação Tide Setubal, Institutos Polis e Alana, TETO e de gestores públicos como Murilo Cavalcante, da prefeitura de Recife, e Elisabete França, da prefeitura de São Paulo.

Guia contou também com o auxílio de acadêmicos e de centros de referência no tema – caso da Urbam EAFIT Medellín. Por fim, ressalta Leite, merece um destaque particularmente especial a participação de diversas lideranças comunitárias que trabalham com esse assunto em suas vidas diárias na promoção da potência das favelas.

“Além da intenção de ajudar as lideranças comunitárias, esse livro pode auxiliar gestores envolvidos no processo de urbanização de favelas. Também há o ponto positivo de que os alunos do Insper ganham uma fonte referencial bibliográfica para o curso pioneiro de pós-graduação lato sensu em Urbanismo Social que oferecemos aqui”, acredita Leite.

Para ele, o Guia de Urbanismo Social consiste em uma complexa pauta de promoção das cidades inclusivas, com a qualificação dos territórios vulneráveis de modo   propositivo e transformador, incremental e contínuo. Nesse sentido, pontua, a obra está em completa consonância com os objetivos do Laboratório, de um modo geral, e do Núcleo de Urbanismo Social, em particular. “ Realizamos estudos de casos e pesquisas baseados em dados e evidências, visando a construção de metodologias e projetos de Urbanismo Social, unindo especialistas e instituições  acadêmicas, públicas, privadas e do terceiro setor,, em um arco multi e interdisciplinar, e promovendo parcerias com instituições multilaterais”, afirma Leite.

Guia sobre cidades

Além do Guia de Urbanismo Social, o Laboratório também trabalhou em 2022 em outra publicação do mesmo gênero. Trata-se do guia temático Cidades: Principais conceitos para entender o ambiente urbano, feito a pedido da Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (RAPS), uma ONG que atua de maneira multidisciplinar em relação ao tema a que se dedica. O estudo está disponível para download no site da RAPS.

Assinam o material o próprio Carlos Leite, outros integrantes do Laboratório, que nele desempenham diferentes funções — Beatriz Vanzolini, Laura Janka, Marisa Moreira Salles e Tomas Alvim — e o arquiteto Vinícius Andrade, ex-coordenador do Núcleo Arquitetura e Cidade.

“O texto original foi escrito há quatro anos, porém em face das eleições, fizemos neste 2022 uma edição especial para auxiliar na pauta de candidatos no âmbito federal e estadual. O objetivo foi contribuir para a construção de políticas públicas baseadas em conceitos, dados e evidências nas cidades brasileiras”, comenta Leite.

O Brasil é um dos países mais urbanizados do mundo, com cerca de 85%da população vivendo em cidades. “Por isso”, ressalta o professor, “é justamente nelas que os problemas emergem. É nelas que as políticas públicas devem ser integradas e territorializadas. Esse guia traz os principais conceitos para entender o ambiente urbano”.

O urbanista explica que o material sintetiza as questões e indica referências para o aprofundamento em itens específicos. “Tratamos dos principais conceitos, como elementos urbanos, cidade informal nas periferias e cidade formal, planejamento do processo de governança, moradia e mobilidade. Mas falamos também de meio ambiente, oportunidades e desafios para as cidades contemporâneas”, relata Leite.

Fonte: Insper

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